O que é zona bioclimática? A importância para a construção
Conhecer a zona bioclimática de um país é essencial para garantir a qualidade de qualquer obra. Afinal, um bom planejamento considera o desempenho térmico e como o clima afeta a saúde e o desempenho da construção. É importante que os ambientes recebam luz, calor e ventilação naturais adequados para que sejam locais de vivência agradáveis e saudáveis.
De acordo com a NBR 15220-3, o território brasileiro é dividido em oito zonas relativamente homogêneas. Além disso, o Brasil possui uma extensa dimensão territorial, o que o torna sujeito a uma grande variedade climática. Nesse sentido, cada região possui suas próprias diretrizes construtivas e estratégias para assegurar a qualidade e o conforto térmico de um edifício.
Considerar o clima é essencial para o arquiteto e para o projetista. A arquiteta Natasha Sanches traz um exemplo prático considerando a posição do sol. O norte recebe grande parte do sol diário, ao leste recebe o sol da manhã, à oeste recebe o sol do fim de tarde e ao sul é a posição que menos recebe sol ao longo do dia. Então, é possível posicionar os ambientes de maneira mais eficiente. “Sabemos que o lado oeste é a posição que recebe sol de maneira mais incômoda e agressiva, portanto, se colocarmos os quartos virados para ele, por exemplo, os mesmos ficarão muito quentes durante o período noturno, o que pode ser extremamente incômodo, principalmente no verão. Toda a distribuição interna deve ser planejada tendo esses pontos em mente”, explica.
CADA ZONA BIOCLIMÁTICA BRASILEIRA
O Brasil é um país extenso e com grande variedade climática, ou seja, consegue variar de um norte quente até um sul com temperaturas mais baixas. O zoneamento bioclimático brasileiro faz uma relação de 330 cidades, classificando os climas segundo os parâmetros e as condições de conforto para tamanho e proteção de aberturas para ventilação (janelas), vedações externas (paredes e coberturas) e estratégias de condicionamento térmico passivo (considerando verão e inverno).
“Devemos levar em conta a ventilação e a circulação de ar natural nos espaços, dimensionando aberturas adequadas em cada espaço. Sejam janelas, portas, balcão, entre outros fatores. Pensar em como esse ar pode transitar dentro dos espaços, seja usando uma ventilação cruzada ou não, é um dos pontos importantes”, destaca Sanches.
Zona bioclimática 1
As diretrizes construtivas para essa região são o uso de aberturas para ventilação com dimensões médias. O sombreamento das aberturas deve ser planejado para permitir sol durante o período frio. Além disso, os materiais de tipo de vedação externa devem ser leves para as paredes e leves e isolados para a cobertura. Por fim, a estratégia para o inverno é o uso do aquecimento solar, aproveitando a incidência de radiação solar do dia e vedações internas pesadas, com inércia térmica. A NBR 15220 alerta que o condicionamento passivo será insuficiente durante o período mais frio do ano.
Zona bioclimática 2
As recomendações da zona bioclimática 2 são muito semelhantes à primeira. Com o acréscimo da ventilação cruzada para o verão. Além disso, a NBR 15220 também alerta que o condicionamento passivo será insuficiente durante o período mais frio do ano nessa zona bioclimática.
Zona bioclimática 3
Para a zona bioclimática 3, além da ventilação cruzada para o verão, é recomendado o uso de paredes externas leves e refletoras.
Zona bioclimática 4
Quando se fala da zona bioclimática 4, a recomendação é que as aberturas possuam dimensões médias e sombreadas. As paredes devem ser pesadas e a cobertura com isolamento térmico. Para a estratégia de condicionamento térmico passivo, durante o verão é recomendado o resfriamento evaporativo, processo de evaporação da água que retira calor do ambiente ou do material sobre o qual a evaporação acontece, e ventilação seletiva, nos períodos quentes em que a temperatura interna seja superior à externa.
Para o inverno a estratégia é o uso do aquecimento solar da edificação e vedações internas pesadas para maior inércia térmica.
Zona bioclimática 5
Aberturas para ventilação médias e sombreadas são as recomendações para a zona bioclimática 5. As paredes devem ser leves e refletoras, com cobertura leve e isolamento térmico. A estratégia bioclimática é o uso de ventilação cruzada no verão e vedações internas pesadas no inverno.
Zona bioclimática 6
Para a zona bioclimática 6, as diretrizes são de janelas médias e com sombreamento durante o ano. O uso de paredes pesadas e coberturas leves e com isolamento. Para o inverno, a estratégia é o uso de vedações internas pesadas que garantem maior inércia térmica. Para o verão a estratégia é o uso do resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento, além da ventilação seletiva, principalmente nos períodos quentes em que a temperatura interna seja superior à externa.
Zona bioclimática 7
Aberturas para ventilação pequenas e com sombreamento o ano inteiro são recomendados para a zona bioclimática 7. As vedações externas, tanto à parede quanto à cobertura, devem ser pesadas. Para a estratégia de condicionamento térmico é recomendado o resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento, e também a ventilação seletiva.
Zona bioclimática 8
Por fim, para a zona bioclimática 8 é recomendada aberturas para ventilação grandes e sombreamento das janelas. Já as vedações externas devem ser leves e refletoras, tanto à parede quanto à cobertura. A estratégia para o verão é de ventilação cruzada permanente. A NBR 15220 alerta que o condicionamento passivo será insuficiente durante as horas mais quentes.